1.
As forças de segurança – quer sejam polícias, guardas prisionais ou militares – não podem ter gente racista, extremista e antidemocrática.
O combate a essas pessoas deve ser total, radical e sem contemplações.
Não podem também existir polícias e militares que façam o jogo de partidos… e ainda pior quando são partidos com aversão aos valores democráticos.
Um polícia ou militar não pode ultrapassar os limites consagrados pela lei.
Os mecanismos regulatórios devem funcionar.
Sem burocracias e sem medo.
2.
Posto isto.
É necessário também que não haja contemplações contra o crime violento.
É essencial para a democracia que os policias possam entrar nos bairros problemáticos.
É vital que não tenham medo de agir por saberem que a seguir podem ser responsabilizados mediática e depois politicamente.
Os partidos têm cometido o erro de confundir o Manuel Germano com o Género Humano. E esse erro tem permitido o crescimento de uma extrema-direita que se alimenta de sangue, medo e ressentimento.
3.
Uma coisa é zelar para que as regras sejam cumpridas e os cidadãos protegidos.
Outra coisa é confundir a liberdade e o respeito pelos cidadãos com uma fatal ausência ou crise de autoridade.
São planos diferentes.
A autoridade de um Estado Democrático não pode ser colocada em causa pois será o primeiro passo para que a democracia agonize e um dia morra.
4.
Por vezes, por bons e errados motivos, há quem deseje transformar as forças policiais num grupo de dóceis protetores de gatos domésticos. Ou numa simpática agremiação que ajuda os velhinhos a atravessar nas passadeiras.
Só que na vida real há muitos maus lá fora.
Há muita gente que mata, trafica e corrompe sem qualquer problema em dormir à noite.
E infelizmente os maus não podem ser combatidos por polícias fixes. Na PSP, na GNR e na PJ têm de existir mauzões também.
Tem de existir gente sem medo de enfrentar a morte.
Gente que aguenta o impacto de uma pistola encostada à cabeça, gente que resiste a ameaças, ciladas, corpo a corpo.
A democracia precisa de ter homens e mulheres assim.
Preparados para defender os cidadãos dos piores perigos.
Com uma polícia delicodoce é que não vamos lá.
Para a democracia, e digo-o sendo de esquerda, é tão necessário combater o radicalismo ideológico das polícias – e ter nisso mão dura – como preservar a autoridade protegendo os polícias e militares mais duros quando agem contra os que não hesitam em matar, violar e colocar em causa a segurança coletiva.
A democracia precisa de coragem.
E de ter quem a defenda.
Texto e programa de Luís Osório
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