1.
Passaram largas semanas pelo aniversário de Zita Favretto.
No final de maio a viúva do ator Luís Aleluia completou 60 anos e deixou escrita uma mensagem que me emocionou.
Entre várias coisas ditas ao Luís confessou que não se esquecia da promessa que ele lhe fizera.
“Meu amor, quando fizeres 60 anos faço-te uma festa de arromba”.
2.
O Luís não cumpriu a promessa por já não aguentar estar aqui.
Foi-se embora sem pré-aviso, de surpresa, num rompante.
Deixou a Zita e deixou os filhos.
E uma festa que não foi de arromba.
Que nunca mais o poderá ser.
3.
O menino Tonecas morreu há mais de um ano.
Tinha 63 anos e não deixava ninguém indiferente.
Era o sonho na vida de Zita que, desde junho de 2023, deixou de estar para o mundo como estava.
Deixou de estar tanto com os amigos, de ir ao teatro como ia, de acompanhar as estreias ou as tricas ou de contaminar toda a gente com a sua alegria e otimismo.
Raramente escreveu coisas negativas ou menos elogiosas para o amor da sua vida, mas as suas palavras de final de maio tocaram-me e comoveram-me:
“Meu amor, quando fizeres 60 anos faço-te uma festa de arromba”.
Prometeu-lhe o Luís.
Mas ela fez 60 anos e esteve sozinha.
Sem bolo.
Sem serpentinas.
Sem teatrinho.
Sem jantar especial.
Sem amigos e música como nos velhos tempos.
Sem a recriação do dia em que se conheceram.
Ela uma jovem aspirante a atriz e ele a fazer-lhe uma entrevista no Teatro de Animação de Setúbal.
Não foi amor à primeira vista, pelo contrário.
Mas acabou por ser à quinta ou à sexta vista.
Namoraram uma vez.
Depois namoraram uma segunda vez mais intensamente.
E depois de anos de separação namoraram uma terceira vez e foi uma relação definitiva.
A Zita era a razão e o Luís o coração.
A Zita era o sorriso e ele a tristeza.
Completavam-se e acreditaram que isso chegaria para sempre.
Ou pelo menos até aos 60 anos de Zita, no passado final de maio, uma festa que ela merecia por tudo o que construíram.
Mas há uma boa notícia.
Ela não sabe o que a espera quando se reencontrarem.
O Luís é menino para a recompensar com juros.
Texto e programa de Luís Osório
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