1.
Nasceu numa cidade perto de Osaka e cresceu com uma raquete de ténis e uma bola de futebol – na adolescência escolheu ser futebolista.
Via o Oliver e o Benji, imaginava um dia poder marcar golos mágicos, mas nunca deixou, como bom japonês, de ter os pés assentes no chão.
Estudou na escola primária de Takatsuki, tomou banhos no rio Yodo e na infância ouviu mil vezes que a sua cidade era a terra dos eletrodomésticos e dos medicamentos.
No período do liceu mudou-se para Osaka e frequentou depois a Ryutsu Keizai, universidade em Tóquio onde pela, primeira vez, jogou como sénior. Passou daí para uma das melhores equipas nipónicas onde se sagraria bicampeão.
2.
Jogou.
Brilhou.
E um olheiro português trouxe-o para jogar no Santa Clara.
Não era o melhor contrato, mas desejava sair do Japão, mostrar-se na Europa e provar que não havia impossíveis.
O resto da história é conhecida – Frederico Varandas contratou-o para o Sporting e Morita é hoje uma figura popular.
Sem saber falar português e com um inglês rudimentar, os tempos não foram fáceis para ele ou para a modelo Reina Fujisaka com quem casara no Japão.
3.
Rúben Amorim fartava-se de rir com a sua falta de jeito para as línguas – o que não se pode confundir com ausência de cultura ou interesse, Morita tem um livro publicado no Japão e quem o conhece define-o como curioso e humilde.
Eu que não o conheço também o poderia definir com mais uma palavra: a palavra diplomata.
É que os bons diplomatas são capazes de criar pontes nos lugares onde estão. Pontes com a cultura dos países para onde vão, laços com as pessoas, novas possibilidades que acrescentem às suas próprias vidas.
4.
Hidemasa Morita e Reina Fujisaka têm uma filha e acabaram há uns dias de ver nascer um segundo bebé.
Se com a menina a família sorriu, o nascimento do menino tornou a felicidade completa, o “casalinho” está longe de ser apenas uma instituição portuguesa.
Regressando à diplomacia…
…sabes o nome que Morita e Reina deram aos seus pequenos filhos?
Ema e Rui.
Ema que significa universal.
E Rui que significa Rui, um dos nomes mais comuns em Portugal, a melhor maneira que encontraram para tatuar o seu amor ao mundo, à imensidão do mundo.
E o seu respeito ao país que os acolheu.
Uma longa e boa vida, querida Ema e querido Rui.
Disponível posteriormente em Spotify, Apple Podcasts, YouTube e RTP Play.