Completa 50 anos de carreira literária, perseguindo o desejo de um romance sobre Lisboa.
Mas os Açores entranham-se na sua prosa, “porque a infância é eterna num escritor”.
João de Melo celebra a data com uma antologia de contos “A Nuvem no Olhar”, e um diário, “As Novas Fases da Lua”, editados pela Dom Quixote. Aproveitamos a pausa, a que se entrega por estes dias, escutando-lhe a respiração serena e lúcida sobre o mundo lá fora: “sempre me quis perder no mundo”, afirma o escritor, recordando os muros do seminário donde foi expulso “por ser ateu e subversivo”.
As leituras, os primeiros poemas, e o primeiro livro, escrito em cadernos e folhas , guardado, até hoje, no fundo dum saco preto. As marcas da Guerra Colonial, onde serviu como furriel enfermeiro, determinando que o regresso a Lisboa “fosse o dia mais feliz” da sua vida. E uma emboscada para a viagem literária, onde” muita coisa ficou ainda por narrar”.
Aos 76 anos, admite que a escrita possa ser “a sua melhor saúde”.
João de Melo é “Pessoa para Isso”.