– Amnistia Internacional quer libertar
155.000 palavras e promover a liberdade de expressão no Médio Oriente e Norte
de África
Tunísia –
17 de dezembro de 2010 – Mohamed Bouazizi, 26 anos, ateou fogo em si próprio e
dá origem a uma onda de protestos que alastrou a vários países do Médio Oriente
e Norte de África.
Síria –
Mais de 1400 pessoas mortas pelas autoridades desde o início das revoltas. As
forças de segurança atacam e prendem civis indefesos, incluindo crianças.
Egito –
Cerca de 8 mil pessoas foram presas durante o último ano por se manifestarem
pelo direito à liberdade. 17 jovens mulheres foram obrigadas a fazer "testes de
virgindade".
Bahrein –
Mais de 500 pessoas foram presas até ao momento. Os profissionais de saúde são
impedidos de auxiliar os manifestantes e os que ajudam são
presos e torturados.
Mais
de um ano após o início dos protestos em países do Médio Oriente e Norte África
– como o Egito, Líbia, Iémen, Síria, Bahrein, Arábia Saudita e Irão – os graves
abusos dos direitos humanos continuam. A liberdade de expressão não é
respeitada e os manifestantes são censurados pelos seus governos, que bloqueiam
o uso da internet nestes países. Desta forma, o mundo não sabe o que lá se
passa e não pode ser solidário às manifestações.
No
dia 11 de Fevereiro assinala-se o Dia de Acção Global sobre as Revoluções no
Médio Oriente e Norte de África. Neste dia, tal como aconteceu há mais de um
ano, a Amnistia Internacional quer dar voz a estes manifestantes e amplificar a sua mensagem através
das redes sociais.
Neste
contexto, a Amnistia Internacional Portugal criou o projecto Freedom
Dictionary, que irá libertar estas palavras que estão presas pela censura.
O projecto consiste na criação de um dicionário, composto por 155.000 palavras
que serão libertadas pelas pessoas através da internet. Para participar do
projecto, basta entrar no site www.freedomdictionary.org,
escolher uma palavra para libertar e partilhar nas redes sociais. Cada pessoa
poderá libertar apenas uma palavra e esta ficará associada ao seu nome, dando
os merecidos crédito ao "redentor".
No
dia 3 de Maio, o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, o projecto chega ao fim.
Serão impressas 11 cópias do dicionário e enviadas para 11 países onde
revoluções ainda estão a decorrer (Tunísia, Egito, Líbia, Iémen, Síria,
Bahrein, Iraque, Argélia, Irão, Marrocos e Arábia Saudita). No dicionário
impresso, as pessoas poderão também saber quem libertou cada palavra. As
palavras que não forem libertadas, não constarão no dicionário final e no seu
lugar ficará um espaço em branco.
Sobre
a Amnistia Internacional Portugal:
Em 1961, um advogado Inglês, Peter Benenson lançou uma campanha
mundial ("Apelo para Amnistia 1961") com a publicação de um artigo proeminente
"Os Prisioneiros Esquecidos" no Jornal "The Observer". A notícia da detenção
de dois estudantes portugueses que elevaram os seus copos para brindar em
público à liberdade, levou Benenson a escrever este artigo. O seu apelo foi
publicado em muitos outros jornais pelo mundo fora tornando-se assim na génese
da Amnistia Internacional. A primeira reunião internacional teve lugar em Julho
de 1961, com delegados da Bélgica, do Reino Unido, França, Alemanha, Irlanda,
Suíça e dos EUA. Decidiram estabelecer "um movimento permanente em defesa da
liberdade de opinião e de religião ". Um pequeno escritório e uma pequena
biblioteca, dirigida por voluntários, abriu em Peter Benenson’s chambers, em Mitre Court, Londres. A
"Rede dos Três" foi então estabelecida consistindo no facto de cada grupo da
Amnistia Internacional adoptar três prisioneiros de diferentes áreas
geográficas e políticas de modo a enfatizar a imparcialidade do trabalho de
cada grupo. No dia dos Direitos Humanos, 10 de Dezembro, a primeira vela da
Amnistia (o logótipo da Amnistia é uma vela envolta em arame farpado) foi acesa
na Igreja de St-Martin-in-the-Fields,
em Londres. A Amnistia Internacional é um movimento global de 3,2 milhões
de membros, apoiantes e activistas em mais de 150 países e territórios que luta
para pôr fim aos abusos dos Direitos Humanos. A sua visão é um mundo em que cada pessoa goze de todos os direitos plasmados
na Declaração Universal dos Direitos Humanos e outros padrões internacionais de
Direitos Humanos. São independentes de qualquer Governo, ideologia política
interesse económico ou religião e financiados pelas quotas dos associados e
doações. A Amnistia Internacional é um movimento que congrega pessoas de todo o
mundo que se envolvem em campanhas para que os Direitos Humanos
internacionalmente reconhecidos sejam respeitados e protegidos. Estas pessoas acreditam
que os abusos de direitos humanos em qualquer lado são problema de todos.
Assim, indignados com os abusos de direitos humanos mas inspirados pela
esperança de um mundo melhor, trabalham para melhorar a vida das pessoas
através de campanhas e de solidariedade internacional. A missão do colectivo é investigar e agir de modo a prevenir e a pôr fim a
abusos de Direitos Humanos e exigir justiça para aqueles cujos direitos tenham
sido violados. Os membros e apoiantes exercem a sua pressão junto de governos,
de entidades políticas, empresas e grupos intergovernamentais. Os activistas
agem pelos vários temas dos Direitos Humanos mobilizando a pressão pública
através de manifestações de rua, vigílias, lobby directo e, entre outras,
através de campanhas on-line
e off-line.