São 16 os temas que fazem parte do "Largo da Memória" de
Ricardo Ribeiro .
Ana Sofia Carvalheda conversou com o fadista e abre as
portas deste largo de músicas e memórias….
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Em 2008 a prestigiada revista britânica Songlines descrevia-o
como "The rising star of Fado".
Dois anos depois, com a edição de "Porta do Coração", Ricardo
Ribeiro é aclamado pela crítica e pelos seus pares com uma das maiores vozes do
nosso tempo.
2013 traz consigo um novo disco: "Largo da Memória".
Edição a 14 de Outubro.
Desde muito novo que quem o ouve não fica indiferente ao seu
Talento.
A história de Ricardo Ribeiro no Fado começa muito cedo. Com
apenas 14 anos estreia-se na Grande Noite do Fado em 2º lugar. Nos dois anos
seguintes conquista o 1º lugar, tornando-o à data o único a vencer dois anos
consecutivos.
O percurso que constrói profissionalmente conquista a atenção
do encenador Ricardo Pais que em 2005 o convida a integrar o elenco do
espectáculo "Cabelo Branco é Saudade", levado a cena no Teatro Nacional de São
João, ao lado de nomes como Celeste Rodrigues, Argentina Santos e Alcindo
Carvalho; além do Porto, onde mais tarde voltaria a cena na Casa da Música, o
espectáculo é apresentado em prestigiadas salas da Europa: Cité de la Music
(Paris), Teatro de la Abadia (Madrid), Opera de Frankfurt, Teatro Mercandante
(Nápoles).
Ainda em 2005 recebe da Fundação Amália Rodrigues o Prémio
Revelação Masculina.
Depois do teatro é a vez do cinema: em 2005 aparece a cantar
dois temas no filme "Rio Turvo" de Edgar Pêra e em 2007 integra o elenco do
filme "Fados"do prestigiado realizador Carlos Saura. Pelo meio, recebe em 2006,
o Prémio Revelação da Casa da Imprensa.
Em 2008, com a participação no disco de Rabih Abou-Khalil,
desperta a atenção da crítica internacional. "Em Português", o trabalho do
músico libanês, assenta em repertório totalmente interpretado na nossa língua e
vale os mais rasgados elogios à interpretação de Ricardo Ribeiro. O disco,
eleito pela Songlines um dos 10 melhores álbuns "Top of the World" pela
"Songlines", é apresentado numa digressão por vários festivais e salas europeias.
2010 é o ano em que edita novo disco "Porta do Coração" (o
disco de estreia homónimo foi editado em 2004), com o qual recebe a aclamação
da crítica (ver críticas abaixo) e confirma Ricardo Ribeiro como uma voz
incontornável da música portuguesa. O disco, apresentado ao vivo no Grande
Auditório do Centro Cultural de Belém e no Teatro São Luiz, entra directamente
para o 5º lugar do top nacional de vendas e atinge o galardão de ouro. Ainda em
2010 ‘regressa’ ao cinema com a participação no "Filme do Dessassossego" de
João Botelho.
No ano seguinte recebe da Fundação Amália Rodrigues o Prémio
de Melhor Intérprete Masculino.
Neste percurso, que também é feito de concertos fora de
portas (de apresentações em nome próprio a concertos com a Orquestra Chinesa de
Macau, com Rabih Abou-Khalil ou com a Orquestra Sinfónica da Venezuela, ao
concerto inaugural do Pavilhão de Portugal concebido por Joana Vasconcelos na
Bienal de Veneza 2013), da participação em discos de grandes nomes da música
portuguesa, entre muitas outras experiências, ressalta sempre o Imenso Talento
de Ricardo Ribeiro.
É esse Talento que encontramos no aguardado novo disco,
"Largo da Memória", com edição a 14 de Outubro. Sobre o disco a palavra a
Ricardo Ribeiro:
"Viajamos ao "Largo da Memória" lembrando o nosso passado,
para melhor entender o presente e poder semear o futuro.
Se o Fado é vida…também o Fado é memória.
Memorizamos fadistas e Fados que fizeram história, poetas de
hoje e de sempre, e músicos que se encontram nos caminhos da incerteza.
Neste "Largo da Memória" vivem poetas como Pedro Homem de
Melo, Afonso Lopes Vieira, Mascarenhas Barreto, David Mourão Ferreira, Rosa
Lobato Faria, Mário Rainho, Maria do Rosário Pedreira, António Rocha, Rui
Manuel, Artur Ribeiro, Fernando Farinha, Ivete Pessoa, Frederico de Brito,
Hasan Ibn Al-Missîsi, "Luso-Árabe" nascido em Silves no séc. XI, que cantamos
em Fados e canções.
Convidei alguns amigos, músicos que muito admiro, para comigo
vaguearem neste "Largo da Memória".
Pedro Caldeira Cabral sugeriu-me que cantasse
uma "Cantiga de Seguir" um género poético-musical do período
trovadoresco (séc. XII-XIV), que tem uma estrutura harmónico-rítmica sobre a
qual é inventada a melodia, a Guitarra Portuguesa segue a voz e a voz
segue a Guitarra.
Por ele incentivado, atrevi-me a gravar um instrumental de
minha autoria, tocando viola no tema "Quando Nasceste", dedicado à
minha filha Carolina.
O Ricardo Rocha na Guitarra Portuguesa, além de me acompanhar
em três fados tradicionais, sabendo do meu gosto pela música do período
Barroco, "vestiu" a melodia "Romance" de Carlos Gonçalves com um
arranjo setecentista.
Pedro Jóia interpreta comigo a "Entrega" e "Tarab",
música de sua autoria, com quarteto de cordas (Violinos, viola de arco e
violoncelo)
Rabih Abou Khalil, concebeu o arranjo para quarteto de cordas
e alaúde árabe no "Fado do Alentejo".
Pedro de Castro, Jaime Santos e Francisco Gaspar, são os
companheiros do Fado e "emprestam" a este "Largo da Memória" o seu talento
fadista.
Presto Homenagem ao Prof. Joel Pina nos temas "Fado é Canto
Peregrino" e "De Mim Para Ninguém".
Ricardo Ribeiro
1. DESTINO MARCADO
Fernando
Farinha/ Popular (Fado Menor)
2. CORRIDO À ANTIGA PORTUGUESA
Mário
Rainho/ Jaime Santos (Corrido Fidalgo)
3. DE LOUCURA EM LOUCURA
Frederico
de Brito/ Alfredo Marceneiro (Fado Cravo)
4. ENTREGA
Pedro
Homem de Mello/ Carlos Gonçalves
5. NAS LINHAS DA MINHA MÃO
Maria
do Rosário Pedreira/ Jaime Santos (Fado Macau)
6. TERNURA
David
Mourão Ferreira/ João Braga
Arranjo:
Jaime Santos
7. NÃO RIAS
Ivete
Pessoa/ Armando Machado (Fado Tertúlia)
8. DE MIM PARA NIGUÉM
Artur
Ribeiro/ Joaquim Campos (Alexandrino)
9. MALHAS DO AMOR
António
Rocha/ Guilherme Coração (Fado Sem Pernas)
10. FADO
DO ALENTEJO
Rosa
Lobato Faria/ Rão Kyao
Arranjo:
Rabih Abou-Khalil
11. TARAB
Hasan
ibn al-Missîsi/ Adalberto Alves// Pedro Jóia
Arranjo:
Pedro Jóia
12. O
SEGREDO DAS PALAVRAS
Rui
Manuel/ Jaime Santos (Alexandrino do Jaime)
13. CANTIGA
DE SEGUIR
Manuel
Alegre/ Francisco Menano // Ricardo Ribeiro/ Pedro Caldeira Cabral
14. ROMANCE
Afonso
Lopes Vieira/ Carlos Gonçalves
Arranjo:
Ricardo Rocha
15. QUANDO
NASCESTE (instrumental)
Ricardo
Ribeiro
16. FADO
É CANTO PEREGRINO
Mascarenhas
Barreto/ António dos Santos
Produção: Ricardo Ribeiro e músicos participantes.
Gravado e misturado: Atlântico Blue Studios em Paço de Arcos
por Rui Guerreiro, André Tavares com assistência de José Maria entre Junho e
Agosto de 2013.
Masterizado: Studio Tomato por Christian Guggenbuhl
MÚSICOS:
Guitarra Portuguesa: Pedro Caldeira Cabral (temas 13/ 15),
Ricardo Rocha (temas 1/ 2/ 5/ 14), Pedro de Castro (temas 3/ 7/ 8/ 12)
Alaúde Árabe: Rabih Abou-Khalil (tema 10)
Guitarra: Pedro Jóia (temas 4/ 11), Ricardo Ribeiro (tema 15)
Viola de Fado: Jaime Santos (temas 1/ 2/ 3/ 5/ 6/ 7/ 8/ 9/ 12/
16)
Viola Baixo: Prof. Joel Pina (temas 8/ 16), Francisco Gaspar
(temas 1/ 2/ 3/ 5/ 7/ 9/ 12/ 16)
Violinos: Otto Pereira e Pedro Pacheco (temas 10/ 11)
Viola d’ Arco: Joana Cipriano (temas 10/ 11)
Violoncelo: Raquel Reis (tema 11), Nuno Abreu (tema 10)
Pedro Caldeira Cabral toca Viola da Gamba, Viola d’ Arco,
Rabeca Chuleira, Adufese Ferrinhos no tema "Quando Nasceste".
A CRÍTICA – SOBRE
RICARDO RIBEIRO E O SEU DISCO "PORTA DO CORAÇÃO":
"O novo disco de Ricardo Ribeiro chama-se "Porta do Coração"
(chega às lojas na segunda-feira), e quando nele entramos já não queremos sair.
Com apenas 28 anos, Ribeiro afirma-se como a maior voz masculina do fado
surgida depois de Camané, detentor de um estilo que homenageia – e renova – a
melhor tradição do género".
João Miguel Tavares in Time Out Lisboa, 14 de Abril de 2010
"Com Porta do Coração, Ricardo Ribeiro passou a fazer
parte do núcleo dos eleitos, daqueles que vêem o fado por dentro, e que
conseguem transformar o impossível em fácil, como Leonel Messi a passar pelo
meio da defesa do Arsenal.
(…) este Porta do Coração é um doutoramento em fado
assinado antes dos 30 anos de idade.
(…) O certo é que depois de Porta do Coração, o fado
masculino encontrou, entre os vivos, a sua Santíssima Trindade geracional:
Carlos do Carmo, Camané e, a partir de segunda-feira, Ricardo Ribeiro."
João Miguel Tavares in Time Out Lisboa, 14 de Abril de 2010.
Crítica 5 estrelas em 5.
"O fado escorre-lhe pela cara, em cada esgar malandro, passa
no cigarro ou no sorriso vadio.
E, sobretudo, naquela «verdade» de que tanto se fala nos
bairros, mas que nele nem vale a pena contar: está toda lá.
O fado é Ricardo Ribeiro e Ricardo Ribeiro é o fado. Alguém o
pode negar?"
Manuel Halpern in Visão, 15 de Abril de 2010
"(…) Tudo isto com uma capacidade vocal fora do normal.
Aquela que lhe permite ser genuíno em cada tema, interpretar cada fado de forma
diversa, ater-se a pormenores para soltar emoções, estados de espírito, fazer
acontecer o fado. Tal e qual como se estivesse numa casa de fados a sós com ele
próprio e de olhos fechados."
Alexandra Carita in Expresso, 17 de Abril de 2010. Crítica 4
estrelas em 5.
"Já o tínhamos como um intérprete fora do comum. Ganhou
prémios, gravou discos (a estreia, homónima, de 2004) e teve lugar em filmes
sobre o fado. Vieram músicos de outras paragens (como Rabih Abou-Khalil) e
reconheceram-lhe o mérito e demos por nós à espera do que estaria por vir.
Bastava vê-lo com a voz de pé e frente ao público para ter a certeza de que
quando chegasse a altura de o termos de novo em disco o momento mereceria
atenção obrigatória. «Porta do Coração» está nas lojas segunda-feira para dizer
que por vezes as expectativas são correspondidas da melhor forma.
"(…) Ricardo Ribeiro é a grande voz do fado cantado no
masculino a revelar-se depois de Camané. E se esta é uma frase que pode
despertar a curiosidade sobre a sua arte, muito mais fazem os versos que
canta."
Tiago Pereira in jornal I, 17 de Abril de 2010. Crítica 4
estrelas em 5.
"Este homem cresceu com o fado na sua expressão mais popular.
Depois foi ver o mundo e voltou com muito mais na bagagem. Cresceu literalmente
até se transformar neste latagão com uma envergadura de ombros quase tão
impressionante como o vozeirão de barítono que lhe escapa mal começa a cantar.
(…) Ricardo diz que só pode cantar o que ama e só amar o que
entende. E quando ele canta nós entendemos a verdade de cada sílaba e a
intenção de cada fonema."
João Pedro Oliveira in Outlook (Diário Económico), 17 de
Abril de 2010
"Aos 28, tem um currículo maior que a idade. O primeiro
grande disco chega agora."
João Pedro Oliveira in Outlook (Diário Económico), 17 de
Abril de 2010
"«Porta do Coração», mais do que um disco de fado é um
documento musical repleto de pormenores: de entoação, de estilos, de tradição.
Basta ver a capa ao jeito de Fernando Maurício para nos apercebermos de
imediato do seu conteúdo: uma viagem a um passado luminoso que tem como guia
aquela que será porventura a mais bela voz do fado actual no masculino."
Orlando Leite in jornal I, 19 de Abril de 2010
"Ricardo Ribeiro, aos 28 anos, lança o segundo álbum de
originais, mas é já, indiscutivelmente, um dos maiores talentos do fado."
Bruno Martins in Metro, 20 de Abril de 2010
"Desde o excelente par de fados que abre o disco em perfeita
simbiose, "Água louca da Ribeira" e "Barro divino", até "A porta do coração"
(que dá título ao disco) ou "A minha oração", ambos já de saída (e que saída) o
jovem fadista que na pose lembra Marceneiro e na voz guarda a herança do fado
das vielas, mostra-se um humilde vencedor. Não há excessos ou truques de
exibicionismo nestes 15 fados (que vão do Menor ao Corrido, do Esmeraldinha ao
Bacalhau, do Vadio ao Vianinha), antes uma voz que afaga as palavras e as
sussurra ou grita quando é isso que elas pedem, sem trair a sua expressão
original."
Nuno Pacheco in Ípsilon, Público, 23 de Abril de 2010.
Crítica 4 estrelas em 5.
OS COLEGAS
"O fado não se explica, sente-se.
Para mim é assim a voz de Ricardo Ribeiro, quando canta, tudo se transforma!
Descrever por palavras é difícil, muito difícil.
Há uma forma de sentir, que só Ricardo sabe como cantar, única.
Sinto-me privilegiada cada vez que ouço, há algo de muito antigo mas ao mesmo
tempo muito novo, muito próprio.
Espero que todos percebam a pérola que aqui se encontra, nesta voz doce e
amargurada, numa voz feita de saudade e sem tempo.
Ouvir Ricardo Ribeiro, não se explica,
Como vos disse,
Sente-se!"
MARIZA
"Quando dizemos a alguém, És o maior!
Não pensamos duas vezes, nem quer dizer que não admiremos outros colegas que
são determinantes no Fado.
Para mim o Ricardo é o Fadista mais
arrebatador que conheço. É ele que me faz levantar da cadeira, é ele que me conquista
o silêncio, é ele que me faz gritar.
Pensam que exagero? Experimentem e
vão ver o que vos acontece.
Ricardo, és o maior!"
JOÃO GIL
"O Ricardo Ribeiro é um dos cantores (músico) mais talentosos e
inteligentes com quem tenho o privilégio de trabalhar. Sinto além disso uma
enorme sensação de irmandade e comunhão quando tocamos juntos. Irmandade essa
que além de rara, é extremamente compensador e encorajador".
PEDRO JÓIA
"Working with Ricardo is an exhilarating experience. A
musician; so instinctive and natural, so deeply rooted in his culture that at
all times he manages to transcend it. A singer so unusual; he never attempts to
stand alone, but connects with the musicians, never missing a beat, inspiring
them and letting them equally inspire him.
Ricardo Ribeiro is not a singer. Or, to be more precise, not only a
singer. There is a very important element of expression in Arabic music called
"Tarab". A term not easily translatable, it describes the feeling of being
emotionally moved by music. Perhaps the closest to it would be the Portuguese
expression of "Saudade". A singer who can make his listeners feel "Tarab" is a
"Mutrib". Ricardo is not a singer, he is a mutrib. Ricardo Ribeiro is not just
a cantor, he is a saudador… "
RABIH ABOUH KHALIL
"Não é fadista quem quer"!
Ao contrário do que muita gente
possa pensar ninguém opta por ser fadista, pela simples razão de que quem faz
essa "opção" é o FADO!
O FADO é que ESCOLHE! O FADO é que
ELEGE aqueles que serão a sua face.
RICARDO RIBEIRO não teve opção. O
FADO TRAÇOU-LHE O DESTINO."
RODRIGO