Nasceu há 120 anos um dos principais poetas da segunda geração do modernismo brasileiro. Carlos Drummond de Andrade nasceu em Minas Gerais e para muitos é o mais influente poeta brasileiro do último século.
Foi talvez o poeta que melhor representou o espírito da Segunda Geração Modernista, com uma poesia de questionamento em torno da existência humana. Um modernista com o verso livre na caneta, herdando a liberdade linguística, Drummond trabalhou a poesia política de modo particular.
Escreveu sobre questões existenciais, como o sentido da vida e da morte, mas também sobre questões políticas ou da vida em família. Além de poesia, produziu livros infantis, contos e crónicas. O seu arquivo pessoal de correspondência conta com mais de mil e oitocentas cartas guardadas.
Um dos maiores escritores brasileiros, nunca fez parte da Academia Brasileira de Letras, simplesmente recusando candidatar-se a uma vaga.
Nos anos 40 teve uma colaboração com o semanário português Mundo Literário e também na revista luso-brasileira Atlântico. Em 1975 foi agraciado no nosso país com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.
O seu primeiro livro, intitulado Alguma Poesia, com apenas 500 exemplares impressos, retratava a vida quotidiana, vagueando entre crítica, humor e ironia. Em 1945, A Rosa do Povo, onde condena a rotina do dia a dia, do mundo desumano, injusto e pouco solidário, onde o medo se impõe a tudo, onde o tédio e a solidão imperam. Um retrato existencial como os que fazia transformando o quotidiano em poemas, com incrível maestria.
A riqueza da sua obra foi entre alguns exemplos musicada por Milton Nascimento em Canção Amiga e os versos de Sonho de um Sonho, foram tema-enredo de escola de samba, adaptados por Martinho da Vila. De resto, Carlos Drummond de Andrade fez a escola da Mangueira dominar o desfile de Carnaval na Sapucaí em 1987. E o tema da vitória do Carnaval de 87 homenageava o poeta que viria a morrer em Agosto desse ano.
O enredo chamava-se O Reino das Palavras. Sem a presença do poeta, sem condições físicas para desfilar, a Mangueira contava com um componente especial na comissão de frente: Chico Buarque de Hollanda.
Carlos Drummond de Andrade faleceu de enfarte do miocárdio, doze dias após a morte da sua filha.