Lenda da música brasileira canta a ancestralidade africana em Guimarães
Mateus Aleluia
Mateus Aleluia é um mito vivo da música brasileira. Prestes a completar 80 anos, continua capaz de construir canções que convocam a ancestralidade africana e uma solenidade quase religiosa, como as que se encontram em “Olorum”, o seu registo mais recente. Mas a importância de Aleluia vem de bem longe, desde os anos 1970, quando passou a integrar Os Tincoãs, banda baiana que ajudou a tornar em objecto de culto, com hinos como “Deixa a Gira Girar” ou “Canto para Iemanjá”.
Mito vivo da música brasileira, Mateus Aleluia é o segundo convidado da programação deste ano do ciclo Terra, promovido pela Capivara Azul – Associação Cultural, no Centro Internacional das Artes José de Guimarães, em Guimarães. Prestes a completar 80 anos, traz consigo as canções que convocam a ancestralidade africana e uma solenidade quase religiosa, desde os históricos Os Tincoãs aos seus mais recentes registos a solo.
A importância de Mateus Aleluia para a história da música do Brasil vem de bem longe. Dos anos 1970, quando passou a integrar Os Tincoãs, banda baiana que ajudou a tornar em objecto de culto. Foi por sua influência que o trio, inicialmente conhecido pelos boleros e a música popular, passou a incorporar elementos do terreiro e do candomblé. Foi uma das primeiras bandas a integrar esses elementos da ancestralidade africana, no seu disco homónimo de onde saíram hinos como “Deixa a Gira Girar” ou “Canto para Iemanjá”.
A importância de Mateus Aleluia para a história da música do Brasil vem de bem longe. Dos anos 1970, quando passou a integrar Os Tincoãs, banda baiana que ajudou a tornar em objecto de culto. Foi por sua influência que o trio, inicialmente conhecido pelos boleros e a música popular, passou a incorporar elementos do terreiro e do candomblé. Foi uma das primeiras bandas a integrar esses elementos da ancestralidade africana, no seu disco homónimo de onde saíram hinos como “Deixa a Gira Girar” ou “Canto para Iemanjá”.
Depois do sucesso, Mateus Aleluia mudou-se para Angola, em 1983, onde passou a desenvolver um trabalho de pesquisa cultural para o governo angolano e continuou a aprofundar o seu conhecimento das raízes culturais dos povos escravizados levados para a sua Bahia natal. Em 2002, regressou ao Brasil e em 2010 estreou-se a solo em “Cinco Sentidos”. Seguiu-se “Fogueira Doce” (2017) e, mais recentemente, “Olorum” (2020).
Olorum, na cultura iorubá, é a divindade que criou a si mesma, que de si produziu os orixás que dariam origem ao céu (orum) e ao mundo em que vivemos (aiê), estando ele próprio apartado dos humanos. Se nos dois primeiros álbuns a solo, Aleluia parecia cantar intimamente, ecoando suavemente os fortes tambores de Os Tincoãs na viola, voz e arranjos sofisticados, no disco mais recente retorna à fusão do passado, mas com uma maturidade e uma força religiosa e política que o marcam como uma figura incontornável.
Olorum, na cultura iorubá, é a divindade que criou a si mesma, que de si produziu os orixás que dariam origem ao céu (orum) e ao mundo em que vivemos (aiê), estando ele próprio apartado dos humanos. Se nos dois primeiros álbuns a solo, Aleluia parecia cantar intimamente, ecoando suavemente os fortes tambores de Os Tincoãs na viola, voz e arranjos sofisticados, no disco mais recente retorna à fusão do passado, mas com uma maturidade e uma força religiosa e política que o marcam como uma figura incontornável.
Em 2022, o ciclo Terra manterá o diálogo entre o cinema e a música, permitindo aprofundar as reflexões que se pretendem suscitar através do programa artístico. No segundo momento de programação deste ano será exibido “Todos os Mortos”, filme de Marco Dutra e Caetano Gotardo, estreado no Festival de Berlim de 2020. A sessão está marcada para a quinta-feira anterior, 19 de Maio, às 21h30.
Prosseguindo o esforço de articulação com a colecção e o programa do Centro Internacional das Artes José de Guimarães, o Terra 2022 desenvolve-se em torno do conceito de “ficções”, eixo central do programa do museu para os próximos dois anos. Essa reflexão prolonga-se a 23 de Junho, data do terceiro concerto deste ano, altura em que ciclo Terra se associa também à celebração dos dez anos da inauguração do Centro Internacional das Artes José de Guimarães.