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Postal do Dia

Luís Osório | 15 dez, 2025, 18:50

Clara Pinto Correia nunca foi uma princesa

Morreu a mais luminosa e a mais sombria, a mais rápida caçadora de utopias, mas também a que mais dramaticamente desistiu de ser luz. Adeus, Clara.

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Postal do Dia

Luís Osório | 15 dez, 2025, 18:50

Clara Pinto Correia nunca foi uma princesa

Morreu a mais luminosa e a mais sombria, a mais rápida caçadora de utopias, mas também a que mais dramaticamente desistiu de ser luz. Adeus, Clara.

1.

Clara Pinto Correia nunca foi uma princesa.

Isso era absurdo para quem chegou a acreditar ser maior do que a vida – alguém assim, alguém com fome de rebentar convenções, estereótipos e discriminações, não se poderia conformar com elogios fáceis e pueris.

Quando a conheci, quando a vi pela primeira vez, era luz.

Uma luz forte, arrebatadora, excessiva, absoluta.

Eu era um jovem e imberbe jornalista.

Ela era uma estrela, uma das mais cintilantes, uma menina prodígio que simbolizava um novo país, com mulheres desafiadoras, talentosas, cosmopolitas, arrebatadoras e sem limites para o que desejavam ser.

2.

“Adeus Princesa” consagrou-a como a futura maior escritora portuguesa.

É que a Clara tinha 25 anos quando escreveu o seu livro dos livros, o romance que se lhe colou à pele, o que visto à posteriori talvez a tenha pressionado a ser o que não desejava ser.

Não sei, especulo.

3.

Tinha o panache literário que juntava com o panache da biologia.

Juntava o mundo das letras com o mundo dos laboratórios.

Furava as vidas, procurava oportunidade, deixava tudo em aberto. Queria tudo, ser tudo, ter filhos, apaixonar-se, ser livre e inquebrantável.

Mas rapara…

…falo para ti que não a conheceste.

Não sei bem como te explicar isto, não há palavras que não pareçam palavras de plástico e de efeito, mas ela era um clarão

de energia, impressionava, nunca ninguém me impressionou tanto num primeiro encontro.

4.

António Mega Ferreira, com quem Clara estivera casada, disse-me num almoço o quanto ela era tudo isso, uma velocista mesmo quando estava parada, um turbilhão mesmo quando estava em silêncio.

Poderia ter sido tudo.

E foi muito, foi mais do que a maioria de nós.

E foi também a pessoa que mais me perturbou quando a revi há dois ou três anos.

Olhava-me como se tivesse sido desligada.

A luz tinha morrido.

5.

A vida é isto.

Também é isto.

O sofrimento ou a alegria moldam-nos.

Oferece-nos energia e retira-nos energia.

Julgamos tocar o céu, mas podemos ser despromovidos para um inferno de onde dificilmente se sai.

6.

Conheci duas mulheres distintas que, afinal, eram apenas uma.

Uma parábola do que somos e do que a vida nos pode fazer.

Uma mulher que corria mais depressa do que o mundo.

E uma mulher que passou a correr a par da morte.

Uma mulher que era utopia.

E uma mulher que era desistência.

Clara Pinto Correia nunca foi uma princesa.

Foi simplesmente a mais talentosa de todas as metáforas.

Ouça o “Postal do Dia” em Apple Podcasts, Spotify e RTP Play.

Luís Osório Postal do Dia
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Clara Pinto Correia nunca foi uma princesa
Morreu a mais luminosa e a mais sombria, a mais rápida caçadora de utopias, mas também a que mais dramaticamente desistiu de ser luz. Adeus, Clara / 3min
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