1.
Falamos há poucos anos, mas nunca me passara uma pessoa assim pelos olhos.
Manuel Guerreiro é uma figura única.
Sonhador e pragmático, ambicioso e humilde, excessivo e afetuoso, culto e idealista, incómodo e diplomata, cooperativista e universalista.
2.
Um dia, um grande e brilhante amigo, gestor de topo na Sonae, aconselhou-me com palavras impossíveis de esquecer: “Luís, nunca esqueças de te colocar sempre no lugar que desejas que os outros te vejam”.
Nessas palavras de Luís Reis está a essência do homem que hoje te apresento.
Manuel, é presidente de uma Caixa Agrícola com influência.
Em Torres Vedras, lugar vivo da história e ativo na economia, pouco ou nada se faz sem a presença de uma instituição que insiste em não pertencer à Caixa Central.
Para ele, o cooperativismo é inegociável.
Como a proximidade.
O não deixar ninguém para trás.
Ou a coragem de não abdicar dos princípios.
3.
Manuel é sobrinho-neto de Hermínia Silva.
A sua família burguesa não aceitou logo a enorme fadista, mas não demorou muito tempo a fazê-lo – Hermínia era única.
E o pequeno Manuel adorava-a e acabou por ser o guardião de todas as condecorações da enorme fadista.
Uma proximidade que lhe ficou para a vida – por isso, é dos livros, mas também do fado.
Como é da advocacia e dos números.
Ou da filosofia, da história e da literatura.
Ideologicamente mais à direita, mas com amigos muito próximos que são de esquerda, como Edgar Morin.
É tolerante e avesso ao radicalismo.
É crente em Deus, mas também no ser humano.
É patriota, influenciado por Agostinho da Silva e Natália Correia.
É republicano com raízes monárquicas e um grande respeito pela memória de tudo o que somos – mesmo do que nos envergonha ou orgulha.
4.
Tudo isto, para te dizer que este homem…
…ideólogo do cooperativismo, incómodo para os que utilizam perversamente a palavra…
…para te dizer que este homem receberá em Torres Vedras, na próxima segunda e terça-feira, algumas das grandes figuras do cooperativismo mundial.
Protagonistas de mais de trinta países.
Quase 200 palestrantes.
É obra colocar Torres Vedras no centro do mundo.
Dos sonhos.
E da vontade de mudança.
Gosto de pessoas que não desistem de alargar a estrada, que não se contentam ao tamanho do seu próprio umbigo, que desejam continuar a dobrar cabos do medo.
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