https://www.youtube.com/watch?v=KH7pI_m2bG0
1.
Pedro Proença anunciou a sua candidatura à Federação Portuguesa de Futebol.
Na verdade, só faltava formalizar, mas como aconteceu sempre na sua vida, Pedro deixou que toda a gente falasse de si, que toda a gente mostrasse os seus trunfos para, inteligentemente, fazer a sua jogada e aproximar-se do xeque-mate.
2.
Pedro Proença é uma personagem fascinante.
Um vencedor que divide as águas entre os que o seguem e admiram, os que o temem e os que o detestam ou mesmo odeiam.
Foi o melhor árbitro português da história, mas os benfiquistas (como eu) continuam a falar de um golo validado ao FC. Porto em pleno Estádio da Luz.
3.
Filho de médicos e de uma família burguesa e privilegiada, Pedro Proença nunca precisou do futebol para ganhar dinheiro ou estatuto.
Quando chegou a árbitro internacional, e começou a levar a arbitragem mesmo a sério, teve de ir contra a opinião dos amigos mais próximos – o que raio vais fazer nos campos de futebol se com menos de trinta anos já és um gestor tão bem-sucedido?
4.
Pedro tinha jogado andebol e adorava desporto.
Meteu-se na arbitragem para ser o melhor.
E foi o melhor – apitou a Final de um Campeonato da Europa e a final de uma Liga dos Campeões.
E quando percebeu que não iria apitar a final do Campeonato do Mundo de 2014 – ficou-se pelas meias-finais – despediu-se da arbitragem.
5.
Um ano depois aceitou ir a jogo e disputar a liderança da Liga de Clubes que estava absoluta e fatalmente falida.
Disseram para não avançar por que Luís Duque iria ganhar de certeza, mas Pedro avançou e conquistou uma larga maioria silenciosa.
Em menos de dez anos transformou a Liga de Clubes e tornou-a rentável, poderosa e extremamente influente.
Pedro foi a única pessoa capaz de juntar em plena guerra os três presidentes dos clubes grandes na mesma mesa.
E foi o único líder a liderar uma tomada de posição de todos os clubes profissionais com exceção dos três grandes.
Por vezes dividiu para reinar, outras vezes multiplicou para que todos reinassem.
6.
Colocou agora a si próprio o desafio de liderar a Federação Portuguesa de Futebol.
Têm-no acusado de tudo numa campanha negra nunca vista, mas Pedro fez o que sempre fez e é o que sempre foi.
Frio e pragmático.
Gestor e conhecedor do futebol.
Tático e estratégico.
Ambicioso e inteligente.
É assim, Pedro Proença.
E sendo-o tinha de dividir as águas – afinal, somos portugueses e faz-nos sempre impressão quando alguém ganha sempre ou quase sempre.
No futebol mais ainda.
Se nem Cristiano ou Eusébio são consensuais por que raio seria Pedro Proença?