Pedro
Osório é, antes do mais, um nome referencial da música portuguesa.
Desde que em meados dos anos 50 do século passado trocou o curso de
Engenharia Mecânica pelo
curso do Conservatório de Música do Porto, nunca mais o maestro deixou
de estar ligado aos grandes momentos e transformações que têm percorrido
o nosso panorama musical. Porém, nunca tinha editado um disco em nome
próprio, o tal disco em que se reflectisse
o que só ele compõe, sente e sabe sobre todas as músicas que lhe têm
desafiado o talento e desinquietado a sensibilidade.
Aconteceu
agora com a edição de CANTOS DA BABILÓNIA, disco que viaja o mundo
inteiro e onde a música brota de cantos de locais tão distantes e tão
próximos como o
Quénia e a China, Portugal ou Vietnam, Índia os Espanha.
Na
Sociedade Portuguesa de Autores, amigos e admiradores de reuniram-se
para a apresentação deste trabalho e ao mesmo tempo para homenagear
alguém a quem a música
e os autores portugueses muito devem. Ainda antes da apresentação
oficial de CANTOS DA BABILÓNIA que decorreu no Auditório da SPA
completamente esgotado, Ana Sofia Carvalhêda falou com José Jorge
Letria, presidente da instituição, e, como não podia deixar de
ser, com o maestro Pedro Osório .
*****
Vozes que tocam com Pedro Osório.
De África, como cantou alguém, veio toda a música. Mas
também da Ásia e de outros territórios dos afectos vieram os cantos
inspiradores de Pedro Osório, para compor o seu disco Cantos da Babilónia.
O maestro abriu as portas do seu estúdio privado para falar
com Ana Sofia Carvalhêda e Armando Carvalheda e revelar os caminhos
percorridos ao longo desta viagem de música.
Oiça aqui em Streaming o Especial que foi difundido no dia 19 de Novembro na Antena 1.
*****
Cantos da Babilónia é o mais recente disco de Pedro
Osório, editado pela Valentim de Carvalho, com a chancela da Sociedade Portuguesa de Autores.
Baseado em cantos tradicionais de diversos lugares do
mundo, este trabalho é o resultado de dois anos e meio de experiências e
pesquisas, que viriam a culminar num conjunto de melodias sublimemente pintadas
pelos cantares oriundos de países como o
Quénia, Vietname, China ou até Portugal.
Os cantos não surgiram
propositadamente para este disco…foram encontrados pelo Maestro nas suas longas
buscas e escusado será dizer que se deixou deslumbrar por estas paisagens
musicais. Uma viagem singular pela música étnica… peças fundamentalmente para
piano que se completam com a utilização frugal de "instrumentos samplados ou
electrónicos".
E é ao som do piano que as
vozes cantam ao desafio, acompanhando cada nota como se se conhecessem desde
sempre…mas não…não se conhecem, não se entende a língua, não se decifram as
palavras. Foi isso que levou Pedro Osório a batizar esta obra de "Cantos da
Babilónia". Só que aqui, ao contrário do que se passou na Torre de Babel,
encontramos o entendimento que é dado pela música.
A linguagem reveste-se de
sonoridades esquivas mas presentes, muito presentes. Não é preciso traduzir as
palavras que nadam sobre as sumptuosas obras tocadas e criadas propositadamente
para cada timbre.
Aqui, em "Cantos da Babilónia", tudo se funde firme e apaixonadamente, como
se o mundo inteiro coubesse dentro de cada uma das dez faixas que compõem esta obra encantadora.
Estas são agora as músicas de
Pedro Osório. Foi aqui que se encontrou consigo nos últimos três anos. E quão
vasto tem sido o seu contributo para a música e cultura portuguesa? Como
orquestrador, chefe de orquestra ou diretor musical…desde o fado à música
clássica, de Carlos Paredes a Simone de Oliveira. De Carlos do Carmo a Paulo de
Carvalho. E Sérgio Godinho, Fernando Tordo, Herman José? … e outros, muitos
outros grandes nomes da canção portuguesa.
E o Festival RTP da canção? E
os prémios?
Autor de música para cinema e
teatro; director musical e autor de diversas séries de televisão, Pedro Osório
dedicou-se também à escrita de obras sinfónicas e, mais recentemente, estreou-se
na escrita literária com o livro "Memórias irrisórias com algumas glórias – 50
anos de música" que editou em 2010.
Uma pequena descrição do seu
imenso percurso que passa também pela administração de Sociedade Portuguesa de Autores onde, a 18 de Novembro apresentará o
seu disco.
Uma apresentação informal que
contará com a participação de José Jorge
Letria.
"Este é um
trabalho que foi tomando forma ao longo de cerca de três anos. A ideia era
compor uma série de peças baseadas em excertos de cantos tradicionais de
diversos lugares de todo o mundo. Dois anos e meio de experiências e
de pesquisa viriam a ser o ponto de partida, tentando, também, abordar essa
ideia dos mais diversos modos. Finalmente, optei por uma configuração
definitiva: as peças seriam fundamentalmente para piano, com uma utilização frugal
de instrumentos samplados ou electrónicos.
Uma vez fixada a decisão atirei-me ao trabalho de composição que, seis meses
depois, estava terminado.
A seguir
ao título de cada faixa, é referida a origem geográfica do canto em que se
baseia a música correspondente."
Pedro Osório
Cantos da Babilónia – Alinhamento:
Kerekeria
Nigéria
As
mãos que cantam
Tailândia
Da
terra se faz a vida
Portugal – Beira Baixa
Memórias com todas as cores
Vietname
O beijo do Sol
Quénia
Flores de pedra
China
Mensagem
dos espíritos distantes
Japão
Dança
em sol menor
Espanha – Andaluzia
O
segredo da terceira visão
India
O
arame que conta histórias
Costa do Marfim