1.
“Ninguém Disse Que Iria Ser Fácil” é um livro de Fernando Alvim que já está nas livrarias.
Um livro que não desilude os que acompanham a sua carreira e que surpreenderá quem dele possa ter uma opinião difusa ou simplista.
Há um segundo pretexto para este postal – é que Fernando faz hoje 50 anos, notícia interessante e paradoxal.
Como é que o adolescente eterno já tem 50 anos?
Como é que a pessoa que nunca envelheceu aos nossos olhos, o rapaz com energia inesgotável, o que se desdobra em programas, entrevistas, guiões, participações especiais, bodas de casamento e festivais de humor ou criatividade, pode já ter meio século?
Como é que o Alvim que não para quieto, que não assenta nos amores, que parece viver de paixão em paixão sem nunca ter existido qualquer notícia de uma namorada que se tenha chateado, que o acuse disto ou daquilo, que se sinta destratada?
O Fernando Alvim é a eterna criança a quem ninguém leva a mal.
Uma estrela diferente da maioria das outras estrelas. Sem um pingo de arrogância, a cultivar a relação com quem o segue nas várias plataformas onde vive.
2.
Lançou um livro de textos e histórias. Um livro sobre o amor, sobre amar e ser amado e desamado.
Será um sucesso de vendas, mas isso não importa para o que desejo dizer.
Sabes como o conheci?
Numa conversa há trinta anos sobre livros, autores, literatura.
Não sei se ele se lembra – eu era autor de um programa chamado “Portugalmente” e ele acabara de fundar uma revista literária, muito boa por sinal.
3.
O Fernando Alvim é uma personagem.
Mas não no sentido de ser um outro, de ser com o microfone ou a câmara ligada uma pessoa construída e que não corresponde à realidade.
Ele é a personagem que criou.
É outras coisas também. E é impressionante quando decide falar sem sorrir ou sem fazer macacadas, as pessoas ficam à espera que alguma coisa aconteça e ficam em sentido.
Alvim faz 50 anos e é um dos comunicadores e criativos mais brilhantes do país.
Um dos mais inteligentes e intuitivos.
Um dos mais cultos e informados.
Conhece a linguagem e a escrita para melhor a desmontar.
Utiliza mais do que qualquer outro os instrumentos mais próximos do futuro, é um dos mais profissionais no modo como se preocupa com a estagnação, com o comodismo, com o sucesso.
Parabéns, Fernando.
Pelo livro.
Pelo que trouxeste.
Por ninguém ser como tu.
E pelos 50 anos que hoje celebras.
Texto e programa de Luís Osório
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