Há novidades no Bairro Latino. O programa de João Gobern vai trocar as tardes de sábado por nova residência: de segunda para terça-feira, após as notícias das 00h00. A mudança é imediata, na emissão de 2 para 3 de janeiro.
Em conversa com o jornalista e crítico, a Antena 1 faz o balanço de 350 emissões de Bairro Latino, série cantada pelos “nossos vizinhos de língua, irmãos e cultura e cúmplices de atitude”. Três respostas para três perguntas sobre este universo musical, para ler em seguida.
Antena 1: Esta mudança inspira alguma alteração na dinâmica do programa, na curadoria e na comunicação dos sons?
João Gobern: Ao longo dos anos, e consoante os horários, o Bairro Latino já teve uma tendência mais “solar” e uma propensão mais “lunar”. Agora, regressa a esta – e a música escohida ganha mais elasticidade. Sem perder os focos: a novidade, a memória, a diversidade estética e um certo sentido de “resistência” em defesa da criação latina. Mostrar, enquadrar e associar continuam a ser os lemas.
Na sua atividade enquanto jornalista e crítico de música, que significados tem tido para si este Bairro Latino? Como têm mudado ao longo dos anos?
Fundamentalmente, cabe-me ser o primeiro a descobrir – para depois divulgar. Faço-o com a ideia de serviço público e com base na abrangência: em 350 emissões, passaram por aqui 1146 artistas, grupos, projectos especiais e discos de referência. Logo, a mudança liga-se directamente ao que quero e devo mostrar.
Castelhano, francês e italiano são os ingredientes de ordem neste programa. Sem sermos redutores ou incorrermos em estereótipos, o que traz cada um destes elementos? Como compõem este “Mundo que se julgava perdido”?
Junto às línguas referidas o catalão, o basco, os dialectos napolitano ou corso, as particularidades do que se fala na Bélgica ou no Canadá (francófono), em toda a América Latina. O que implica partir à descoberta do forte rap italiano, do novo flamenco (começámos, por exemplo, a tocar Rosalía muito antes da “explosão”) ou dos mais recentes cantautores franceses. A ideia-chave é que este universo, em boa verdade infinito, possa ser apresentado em complementaridade e alternância, misturando sem confundir, e tentando abrir caminhos a quem queira perceber este mundo, que não deve – não pode – perder-se.