1.
Não interessa saber se Cristiano Ronaldo é melhor do que Messi e ainda menos interessa a minha opinião.
Cristiano foi um dos melhores da história.
E é sem qualquer dúvida o melhor marcador de golos de sempre, os números provam-nos e são irrebatíveis.
Mas aquilo que me emociona em Cristiano não é a celebração da sua grandeza com a bola nos pés, a rematar à baliza ou a conquistar títulos e recordes.
O que verdadeiramente me deixa de boca aberta é a pergunta, as perguntas que faço para o tentar perceber.
O que o move ainda?
O que persegue?
O que ainda lhe resta fazer dentro de campo?
Como se mantém moralizado, mentalizado, focado?
2.
Conhecemos a sua incrível história.
A mãe que decidiu tê-lo à última hora.
A infância rodeada de miséria.
A hipótese do futebol como tábua de salvação.
E tudo o resto.
O estrelato.
O dinheiro.
Os negócios.
As línguas que aprendeu, os livros que se obrigou a ler.
Os carros, as casas, as férias, o culto do corpo.
Também o acompanhamento da família, o orgulho das raízes, a transformação da mãe numa princesa, os filhos.
Sabemos tudo, mas como entender o que fez depois de ter perdido a Taça do Rei na Arábia Saudita?
Não quis acreditar, confesso-te.
O multimilionário, o que tudo conquistou, o que ganhou ligas dos campeões, o Europeu de futebol, vários campeonatos, cinco bolas de ouro e tudo o resto, chorou convulsivamente por ter perdido uma competição menor em comparação com as dezenas que já disputou.
3.
Esta é a imagem que melhor o define.
Por que ele não estava a chorar por ter perdido a taça, mas sim por ter perdido a aposta que fizera consigo próprio.
Para Cristiano não há objetivos menores, há ética profissional e pessoal.
A responsabilidade e a exigência é sempre consigo.
Que venha então a Seleção Nacional, sabendo que isso são outros quinhentos, outras lágrimas.
Gosto do Cristiano também por ele ser assim – tão incrivelmente fora do comum.
Um humano sobre-humano.
Texto e programa de Luís Osório
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