1.
Os judeus foram massacrados durante a Segunda Guerra Mundial.
Milhões de pessoas foram exterminadas pelos nazis em campos de concentração preparados para matar.
Judeus, na sua larga maioria.
Gente que foi despojada de toda a humanidade, humilhada na sua condição de seres humanos – asfixiavam-nos com gás, arrancavam-lhe os dentes à caça de ouro, executavam-nos e queimavam os corpos antes de os incendiar em valas comuns.
2.
Só depois do fim da guerra se conheceu a dimensão do que ficaria para a história como Holocausto.
Os fascistas do III Reich construíram muros para acantonar homens, mulheres e crianças, famílias inteiras, ratos como Goebells adorava chamar-lhes.
No gueto de Varsóvia amontoavam-se judeus marcados com uma estrela como se fossem gado pronto para o abate.
Ao longo da história os judeus foram humilhados, expulsos, deportados, mortos.
Até em Portugal…
… obrigados a ser cristãos novos se não quisessem ser queimados nas fogueiras da Inquisição.
Mas entre 1939 e 1945 a crueldade atingiu o seu ponto máximo. Continua a ser muito difícil não nos comovermos com o que aconteceu há tão pouco tempo.
3.
Em nome dessa culpa coletiva, os vencedores da guerra ofereceram um país aos judeus, a terra prometida.
Israel nasceu nos escombros da morte, mas o novo país simbolizava também a esperança de que jamais tornaria a acontecer no futuro tal manifestação do mal.
4.
Israel nasceu, mas as sombras foram sempre mais fortes do que a luz.
Rodeados por inimigos reais e imaginados, passaram a viver em guerra permanente.
Uma parte importante dos israelitas acredita que a sua sobrevivência implica o combate aos inimigos e se possível a sua morte – olho por olho, dente por dente.
5.
O tenebroso e cruel ataque do Hamas a Israel, um ataque sem precedentes, foi o pretexto para uma resposta, também ela sem precedentes a Gaza.
Mais de 30 mil palestinianos morreram.
Segundo as Nações Unidas morre uma criança em Gaza de dez em dez minuto, mas essa é apenas uma parte.
Judeus impedem a entrada de camionetas com medicamentos para acudir a situações desesperadas.
Judeus impedem que camiões com comida e bebida possam entrar no território palestiniano – Guterres lembrou-nos que quatro em cada cinco pessoas famintas no planeta estão naquele bocadinho de terra emparedada por todos os lados.
Como no gueto de Varsóvia.
E eu pergunto: até onde é que isto pode continuar?
Até quando é que os judeus, que tanto sofreram na pele perseguições e tentativas de extermínio, insistirão nesta horrível barbárie a mulheres, crianças e velhos inocentes?
Porquê tanta maldade quando deveriam ser eles os primeiros a perceber o peso do mal e da crueldade.
Não ouvem os gritos das crianças?
Texto e programa de Luís Osório
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