O sonho americano!
Inebria.
Promete tudo.
Cria D. Quixotes.
Ivo Canelas sabe disso.
Muitíssimo bem.
Morou anos em Nova Iorque.
Por lá estudou O Método de Lee Strasberg.
Por lá se aguentou com uma bolsa da Gulbenkian.
Por lá teve de trabalhar em restaurantes e não só.
Tentou a sua sorte.
“Sempre me escapou”, diz.
Adoraria trabalhar com Scorsese.
Com uma certa nata de realizadores.
“É um sonho”.
Sempre foi.
“Cá estamos para continuar a sonhá-lo”.
Nunca se sabe.
“Enquanto houver estrada para andar”…
A música de Jorge Palma!
Não aparece aqui por acaso.
Ivo incorporou-a no monólogo
Todas as Coisas Maravilhosas.
Um monólogo em cena desde 2019.
Um espetáculo imersivo.
Uma espécie de terapia de grupo.
Um alento para quem não quer cá estar:
“As coisas melhoram! Não te suicides!”
Sim, o suicídio é abordado.
Tal como a depressão.
Os nossos trambolhões.
“A vida é uma máquina de lavar sem água”.
E atenção:
“A saúde mental pode-nos escapar”.
Não é um bem adquirido para a vida inteira.
O ato mais corajoso?
Pedir ajuda profissional.
“Pedir ajuda não é desistir.
É recusar-se a desistir”.
Palavras sábias de uma curta com Óscar:
O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo.
Uma curta-metragem muito citada neste Infinito Particular.
Tal como uma outra.
A do realizador trans Ary Zara:
Um Caroço de Abacate.
Ivo Canelas fez de homem cis.
Gaya de Medeiros de mulher trans.
E se fosse ao contrário?
E se Ivo quisesse fazer de transexual?
Interessantes estas questões.
Deram pano para mangas.
Deram azo a uma reflexão.
É isso mesmo que o universo trans está a obrigar o mundo a fazer.