Desde 15 de fevereiro de 2022 no ar, “Terra Média” completa esta semana 100 emissões a bordo da Antena 1. Gonçalo Madail, Francisco Merino e Álvaro Costa, os intitulados peregrinos e apresentadores, refletem sobre o percurso deste programa e podcast — com novos episódios de segunda para terça-feira, depois do noticiário da meia-noite.
O 100.º episódio conta com Júlio Isidro, um comunicador bem equipado para guiar a tripulação da “Terra Média” por múltiplos ecossistemas mediáticos, do analógico ao digital.
O sedimento inicial da “Terra Média” vem de uma conversa entre Gonçalo Madail, diretor da RTP Memória e subdiretor da RTP1, e Nuno Galopim, diretor da Antena 1, “sobre a necessidade de haver um programa de rádio sobre os media contemporâneos. Foi assim que começou o desafio”, recorda o primeiro. Mas rapidamente ficaria “estarrecido e em estado de choque”, depois de lhe ser confiado o desenvolvimento da ideia. Seguiram-se os convites ao professor e investigador Francisco Merino, bem como ao “guru da rádio” Álvaro Costa, que se junta a partir dos estúdios do Porto.
“A três, em modo semicaótico”, começaram esta aventura na rádio pública, com mutações desde então. Nos seus primórdios, tratava-se de um programa mais rígido, explorando um tema por episódio: o streaming, a emergência dos podcasts, a música nas plataformas digitais, as distopias, os magnatas, a ciberguerra, entre outros. Temas esses que se pulverizaram com o passar do tempo, como refere Francisco Merino: “Não largámos a ideia do programa [ao jeito de uma] masterclass, mas fomos articulando isso com a atualidade”.
No decurso de mais de dois anos, surgiu uma rubrica especial: “Visionários”, coleção de episódios dedicados “sobretudo a pessoas que tenham de alguma forma ajudar a transformar os media ou que tenham trazido qualquer coisa de surpreendente, disruptivo”, como refere Francisco Merino. De Stanley Kubrick e Philip K. Dick a vários David (Bowie, Cronenberg ou Lynch).
Nas palavras de Álvaro Costa, este programa é a cartografia possível de “um momento de viragem” nos media, que só “daqui a alguns anos”, acredita, será passível de “entender e apreender melhor”. Entre a urgência da atualidade e a retrospetiva sobre os pioneiros, há outro elemento de que a “Terra Média” não vai abdicar, patente no título: a metáfora emprestada por J. R. R. Tolkien, o reino imaginário onde se situam as suas histórias (incluindo “O Hobbit” e “O Senhor dos Anéis”), como explica Gonçalo Madail:
Sempre achámos uma forma muito bonita de abordar os nossos temas com essa metáfora de um mundo encantado e mágico, que para nós é uma espécie de continente gigantesco, onde todo o ecossistema dos média dá asa às suas loucuras.