Esta semana, na “Terra Média”, a atenção recai sobre três reinos particularmente fervilhantes: a proposta de Elon Musk para uma nova Wikipedia, o cinema em diálogo com os poderes e o fenómeno “K-Pop Demon Hunters”.
Brincar às Wikipedias
Elon Musk decidiu criar a sua própria enciclopédia digital. A “alternativa” à Wikipedia, duramente criticada por ele por ser uma “ferramenta de propaganda”, a Grokpedia está integrada no sistema de IA Grok, inicialmente utilizado como fact-checker no X e que, entretanto, ficou conhecido pelas gaffes e tendências fascizantes.
Depois de anos a ser pilhada pelo avanço da IA e da cruzada “anti-woke”, a Wikipedia vê agora mais uma ameaça, ainda que a fama que a Grokpedia teve,
à partida, não seja a mais simpática. Segundo um artigo do 404 Media, a Grokpedia é “a antítese de tudo o que torna a Wikipedia boa, útil e humana”.
O The Verge, num artigo de 29 de outubro, foi mais longe, descrevendo o projeto como racista, transfóbico e devotamente apaixonado pelo seu criador.
A guerra das narratvas digitais está aberta e o conhecimento partilhado, outrora símbolo de colaboração parece, cada vez mais, um campo de batalha.
Cinema em 2025: o diálogo subtil com os poderes
O cinema contemporâneo tem tentado inscrever-se nos grandes debates políticos e culturais, mas de forma mais subtil. Numa época em que a política é feita nos e para os media, nenhum filme escapa a interpretações ideológicas.
A direita conservadora norte-americana, por exemplo, não poupou críticas ao novo filme do Superman, considerando-o “woke demais”.
Outro destaque é o House of Dynamite, de Kathryn Bigelow, uma obra envolta em polémica pelas críticas indiretas ao Pentágono. A realizadora respondeu sem rodeios: “Apenas digo a verdade”.
As “K-Pop Demon Hunters” à conquista do mundo
Do lado oriental da Terra Média, o fenómeno K-Pop domina tudo também o cinema de animação. O filme “K-Pop Demon Hunters”, lançado pela Netflix a 20 de junho, tornou-se rapidamente o maior sucesso da plataforma, com mais de 345 milhões de stream em apenas três meses.
O impacto cultural foi imenso: a canção “Golden” tornou-se a faixa mais ouvida nos EUA e outras três canções do filme entraram no Top 10 da Billboard. A banda sonora já ultrapassou um milhão de cópias vendidas.
No episódio desta semana, descortinamos os motivospor trás do fenómeno global, da estética vibrante à mistura entre tradição e modernidade, tal como os eventos pensados à volta do filme, que já tem sequela confirmada.
“Como K-Pop Demon Hunters conquistou o mundo” – Time (22 de agosto de 2025)
“5 razões que explicam o fenómeno global de K-Pop Demon Hunters” – Tattler Asia (25 de setembro de 2025)
Recomendações
A Kenia Nunes recomenda a peça interativa “A IA das mil caras” da Wired, que explora as múltiplas faces da inteligência artificial na sociedade e o livro “The Uncool”, que relata as memórias do jornalista musical e realizador Cameron Crowe.
O Francisco Merino destaca a série da HBO Task, e o filme Bugonia, novo trabalho do realizador grego Yorgos Lanthimos.
O Álvaro Costa recomenda a leitura do artigo “The Rise of Eat-at-Home Economy“, de Antreas Athanassopoulos, publicado no Financial Times e a série The Chair Company.