Em 1989, na sequência de uma jornada de apelo à luta contra a sida realizada em Nova Iorque, ganhou forma uma ideia de desenvolver campanhas de recolha de fundos e de comunicação tendo em vista uma perspetiva global de combate ao vírus VIH. Um ano dois surgiu Red Hot + Blue, o primeiro disco da Red Hot Organization, a organização que, de então em diante, foi alargando das mais variadas formas esta mesma missão. Hoje, ao se assinalar a passagem de mais um Dia Mundial de Luta Contra a Sida, a Antena 1 volta a olhar para este vasto e importante corpo de lançamentos discográficos.
Quando a Red Hot Organization deu os primeiros passos chegava ao fim uma década que viu nascer importantes movimentos ativistas que ajudaram a mudar o modo de combater uma doença mortal que alastrava por todo o globo, então ainda sem as descobertas que, mais tarde, mudariam a forma a encarar. Já tinha havido um importante disco pensado para recolher fundos para lutar contra a sida. Tratara-se de That’s What Friends Are For, um single partilhado por Dionne Warwick, Elton John, Stevie Wonder e Gladys Knight, lançado ainda em 1985. Mas foi com Red Hot + Blue que, em 1990, surgiu uma discografia focada na ideia de recolher fundos para este destino, gerando mesmo uma série de outros lançamentos locais em diversos países como, por exemplo, o francês Urgence, lançado em 1992 com objetivos semelhantes.
Com Cole Porter no centro da atenções, uma pequena multidão de grandes músicos criaram então versões de clássicos maiores da história da música norte-americana. Apresentando-se assim como uma coleção de 20 versões de canções de Cole Porter, Red Hot + Blue não só serviu o seu objetivo primordial como representou a definitiva inscrição nos hábitos (de produção e escuta) de uma ideia de álbum-tributo que, daí em diante, gerou uma multidão de descendências. Red Hot + Blue foi, em 1990, um primeiro episódio numa história que, depois deste, somou já muitos outros títulos a uma obra ainda hoje dedicada à mesma causa.
Esta é a lista dos discos que, desde 1990, construíram já os espaços de atividade e intervenção da Red Hot Organization:
- 1990. Red Hot + Blue. Tributo a Cole Porter com a colaboração de Neneh Cherry, David Byrne, U2, Iggy Pop + Debbie Harry, Thompson Twins, Tom Waits, Annie Lennox ou Salif Keita, entre outros.
- 1992. Red Hot + Dance. Disco de música de dança ou remisturas dançáveis com Madonna, George Michael, EMF, PM Dawn, Young Disciples ou Crystal Waters, entre outros.
- 1994. No Alternative. Um olhar pelo panorama rock alternativo de inícios de 90, com colaborações dos Sonic Youth, Soundgarden, Smashing Pumpkins, Pavement, American Music Club ou Breeders, entre outros.
- 1994. Red Hot + Country. Músicos da country em campanha, com contribuições de Johnny Cash, Books & Dunn + Johnny Cãs, Nancy Griffith + Jimmy Webb ou Wilco + Syd Straw, entre outros.
- 1994. Stolen Moments: Red Hot + Cool. Em tempo de reencontro do jazz com a música popular, um manifesto jazz hip hop com parcerias como Donald Byrd + Guru e Ronny Jordan, MC Solaar + Don Cárter, Me’Shell + Herbie Hancock ou Roots + Roy Ayers, entre outras.
- 1994. Red Hot on Impulse. Disco companheiro do álbum que cruzou o hip hop com o jazz, esta compilação junta gravações de arquivo de músicos de jazz como John Coltrane, Pharaoh Sanders, Charles Mingus ou Archie Sheep.
- 1995. Red Hot + Bothered. Um segundo olhar sobre o panorama rock alternativo de 90 com Lisa Germano, The Verlaines, The Sea And Cake, Liquorice e Flying Nuns, entre outros.
- 1996. Offbeat. Uma experiência spoken word com ambientes e trip hop, juntando Moby, Laika, My Bloody Valentine + Skylab, David Byrne, Barry Adamson e Soul Coughing, entre outros.
- 1996. America Is Dying Slowly. Artistas hip hop em campanha, com contribuições de De La Soul, Coolio, Pete Rock + The Lost Boyz ou Wu Tang Clan, entre outros.
- 1996. Red Hot + Rio. Um tributo à bossa nova, com as participações de Money Mark, Astrud Gilberto + George Michael, David Byrne + Marisa Monte, Everything But The Girl ou Cesária Évora + Caetano Veloso + Ryuichi Sakamoto, entre outros.
- 1996. Nova Bossa: Red Hot on Verve. Disco companheiro do álbum que teve o Brasil na berlinda, esta compilação junta contribuições de arquivo ilustrando episódios da história da música brasileira.
- 1997. Silencio = Muerte: Red Hot + Latin. Músicos latino-americanos em campanha, cm contribuições de Los Lobos, Café Tacuba + David Byrne, Juan Perro, Cibo Matto, Gegy Tah + King Changó, entre outros.
- 1998. Onda Sonora: Red Hot + Lisbon. Um tributo à lusofonia, com participações de David Byrne + Caetano Veloso, General D + Funk’N’Lata, k.d. lang, Paulo Bragança + Carlos Maria Trindade, Durutti Column e Bonga + Marisa Monte + Carlinhos Brown, entre outros.
- 1998. Lisboa – Red Hot on Portugal. Na linha do que tinha acontecido com o disco focado no Brasil, esta compilação recolhe peças de arquivo com Lisboa como mote.
- 1998. Red Hot + Rhapzody. Tributo a George Gershwin, com a colaboração de nomes como os de David Bowie, Morcheeba, Luscoius Jackson, Sarah Cracknell + Kid Loco, ou Money Mark, entre outros.
- 1998. By George (& Ira) Red Hot on Gershwin. Disco companheiro do tributo a Gershwin, recolhe gravações de arquivo com interpretações de algumas das suas canções.
- 1998. Twentieth Century Blues – The Songs of Nowel Coward. As canções de Noel Coward estão na base deste disco-tributo que tem curadoria de Neil Tennant e junta Divine Comedy, Paul McCartney, Bryan Ferry ou os Pet Shop Boys. O disco surge em paralelo aos lançamentos da Red Hot, mas doou os fundos recolhidos à organização.
- 2000. Red Hot + Indigo. Tributo a Duke Ellington, com a colaboração de nomes como os de Terry Callier, Tortoise, The Roots, Les Nubiens e David Byrne, entre outros.
- 2002. Red Hot + Riot. Tributo a Fela Kuti, com a participação de D’Angelo, Jorge Ben Jor, Macy Gray, Femi Kuti, Nile Rodgers, Taj maha, Lenine, Manu Dibango, Me’Shell, Baaba Maal e Kelis, entre outros.
- 2009. Dark Was The Night. Sob produção conjunta de Bryce e Aaron Desner dos The National, um conjunto de contribuições vindas de terreno indie, com nomes como os Arcade Fire, Grizzly Bear, Sufjan Stevens, Yo La Tengo, Beirut, Dirty Projecters, Feist ou o Kronos Quartet.
- 2011. Red Hot + Rio 2. Segunda incursão brasileira, desta vez com as contribuições de Vanessa da Mata, Seu Jorg, Almaz, David Byrne, Bebel Gilberto, Marisa Monte, Caetano Veloso, Beck, Mia Doi Todd e John Legend.
- 2013. Red Hot + Fela. Um segundo tributo a Fela Kuti junta desta vez TUnE-yArDs, ?uestlove, Angelique Kidjo, Kyp Malone, Tunde Adebimpe, Kronos Quartet, Tony Allen, M1 ou Baloji.
- 2014. Red Hot + Bach. Pela primeira vez um nome da música clássica surge como figura central a definir a matéria prima a trabalhar. Participam, entre outros, Max Richter, Mia Doi Todd, Juliana Barwick, Carl Craig, Daniel Hope, o Kronos Quartet e as Amiina.
- 2014. Master Mix: Red Hot + Arthur Russell. Segundo disco editado em menos de um ano, é um tributo (com alinhamento que se estende ao longo de um duplo CD) onde colaboram nomes como os de Sufjan Stevens, Devendra Banhart, Richard Reed Parry, Hot Chip, Robyn, Scissor Sisters e Blood Orange.
- 2016. Day of The Dead. Jerry Garcia, dos Grateful Dead, é a figura no centro das atenções da mais extensa das edições da Red Hot Organization, juntando Angel Olsen, Wilco, Perfume Genius, Flaming Lips ou Bill Callahan.
- 2020. No Fear In Love. A primeira edição apenas em formato digital da Red + Hot Organization é um EP que celebra a música pop associada à comunidade queer de Taiwan.