Esta semana na Antena 1, João Gobern assinala o 40.º aniversário de “Once Upon a Time”, dos Simple Minds. Foi em outubro de 1985 que a banda escocesa editou este que foi um dos seus álbuns definidores – alguns meses após a explosão planetária de “Don’t You (Forget About Me)”, single que acompanhava o icónico filme The Breakfast Club (lançado entre nós como O Clube).
Recordamos as canções e descobrimos as histórias que envolveram as gravações, o lançamento e as reações a um registo que marcou, da melhor forma, a década de 1980. O especial fragmenta-se em cinco capítulos diários para ouvir na Antena 1 às 9h52 (com repetição pelas 14h40), antes de se combinar num compacto alargado, na emissão do próximo domingo (27 outubro, após as notícias das 22h).
Ouça o especial na RTP Play e leia a entrevista com João Gobern:
Este é o 40.º aniversário de “Once Upon a Time”. Foi merecido o estatuto de “álbum de consagração” dos Simple Minds?
Absolutamente! Se a “expansão comercial” já tinha começado nos álbuns “New Gold Dream” e “Sparkle in the Rain”, este foi o disco que – com a ajuda da “conquista da América” – os projectou para outras dimensões, sobretudo nos palcos. Convirá recordar que os Simple Minds se tornaram um “grupo de estádios” ainda antes dos U2, apesar do benefício paralelo que estes conseguiram no Live Aid, com a participação histórica em Wembley. Onde os Minds também deveriam ter tocado… se não estivessem a gravar nas américas, acabando por entrar de Filadélfia. Já agora: “Once Upon a Time” rendeu três canções top 10, e mais uma top 15.
“Don’t You (Forget About Me)” foi uma canção frequentemente criticada pela banda. Este disco, produzido pelo Jimmy Iovine, já foi um projeto de, digamos, maior investimento emocional por parte dos Simple Minds?
Claro que sim. As transformações foram muito sensíveis, nos domínios da composição, com Charles Burchill, mais, e Mick MacNeill, menos, a tomarem conta das ocorrências, da aplicação de um refrão forte às canções, responsabilidade entregue a Kerr, mais eficaz e menos derivativo do que em anteriores ocasiões. Além disso, a “democracia interna” que era característica do grupo foi posta em pousio, com Jim Kerr a assumir as entrevistas e a tornar-se numa destacada figura mediática, facto para que também contribuiu o seu casamento com Chrissie Hynde, dos Pretenders.
O que torna este disco particular no panorama de 1985?
A excelência das canções, antes de mais nada, mas também a produção estratégica de Iovine, que acertou em cheio – onde, na opinião dos próprios Simple Minds, Steve Lillywhite, tinha ficado a meio gás em Sparkle in The Rain. Depois, se 1985 foi um ano particularmente rico para o rock, com contributos fortíssimos de Sting, dos Tears For Fears, dos Dire Straits, dos Smiths, dos Eurythmics, de Bryan Ferry, dos Style Council, de Scritti Politti, dos Prefab Sprout, dos Pogues, de The Cure, de Kate Bush ou dos Waterboys (para citar apenas os casos registados do lado de cá do Atlântico), é inegável que “Once Upon a Time” merece um lugar no quadro de honra. E ainda deixou de fora o maior cartão de visita comercial, talvez um desvio embaraçoso mas um achado mais do que rentável, do percurso dos Minds – uma tal “Don’t You (Forget About Me)”…