1.
Abri o Google e pesquisei sobre o tamanho importar ou não.
Não queria escrever este postal se o tema não fosse realmente importante.
O resultado foi esmagador.
Há quase 24 milhões de textos sobre o tamanho importar ou não – mais precisamente 23 milhões e 600 mil reflexões sobre o tema.
2.
O assunto que me traz hoje é então importante embora delicado.
Como posso falar do tamanho sem dizer a palavra pénis? Talvez a minha dificuldade seja a mesma dos alunos da escola de feiticeiros de Harry Potter quando pensam em Voldemort, mas não podem dizer o nome.
Vou tentar.
3.
A WorldData analisou o tamanho com base em dezenas de estudos que abarcaram milhares de homens.
Li o estudo com interesse.
E procurei várias vezes por Portugal – quase com a mesma inquietude com que procuro o meu liceu da juventude quando saem os rankings da escola.
Procurei uma vez, duas e três e nada.
Portugal não consta dos primeiros 80 países. Não é claro se não consta por não ter sido estudado ou se não consta para que não haja um conflito com grupos radicais que podem achar ser um ultraje à Pátria e à honra dos machos lusitanos.
4.
Os homens do Equador estão à frente.
São os maiores, o que tem graça.
É que os equatorianos são mais baixos em média que os portugueses, o que mata à partida a certeza de que aos altos corresponde uma igual altivez fálica.
Afinal, não.
Os pequeninos equatorianos não são pequeninos em tudo.
Ao contrário dos cambojanos, baixinhos em tudo. Na verdade, os mais pequenos entre todos os países que constam do ranking, o que é igualmente notável.
Cresci na ideia de que os homens corajosos tinham “tomates”, o que é também, e pelos vistos, uma inqualificável mentira. Os americanos que o digam quando tiveram de passar pelo Camboja na guerra do Vietname – nos relatos de horror é quase consensual definir os pequenos cambojanos como gente de enorme coragem física.
Gente com eles no sítio.
Com eles pequenos, é certo, mas no sítio.
O que posso dizer mais?
Que os gordos têm tendência a mirrar, o que me deixou triste e pensativo.
Sou português e não estou na lista.
Sou alto, mas pelos vistos não importa.
E sou quase gordo, o que parece importar.
Uma verdadeira tempestade perfeita.
Texto e programa de Luís Osório
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