1.
Já falta pouco para a seleção nacional entrar novamente em campo.
É o último jogo da fase de grupos e se não escrevo o postal hoje arrisco-me a não poder fazê-lo depois.
No futebol dizer bem tem normalmente o prazo de validade de um jogo ou dois, o melhor é arriscar já o que penso do selecionador português Roberto Martinez.
Arrisco então…
…o catalão, nascido há 50 anos no pequeno lugar de Balaguer, é o meu treinador preferido entre todos os que vi na seleção nacional.
Pode não ganhar o Europeu, o Mundial ou a Liga das Nações, mas representa um enorme contraste com o que normalmente vemos no futebol.
2.
Responde a todas as perguntas, mesmo as que são desagradáveis, sem se sentir agredido. Desarma com um sorriso, é agradável para as pessoas e não faz do futebol um exercício interdito ao comum dos mortais.
O homem é verdadeiramente agradável e simpático.
Vê-se nos pormenores mais ínfimos e nos maiores.
Chegou a Portugal e quis falar em português. Não quero ser injusto para tantos espanhóis de quem gostamos, mas nunca um espanhol falar a nossa língua tão rápida e acertadamente.
Mesmo arriscando trocar palavras e ser mal interpretado, mesmo quando foi apertado com a polémica escolha de Pedro Neto e Francisco Conceição em detrimento de dois excelentes jogadores do Sporting, preferiu explicar-se em português.
E canta o hino com visível orgulho. Faz-nos acreditar que quando o faz sente o que canta, pode não ser verdade, mas nada do que vemos na sua expressão nos diz que é mentira.
3.
Depois vemos a seleção ir para cima deles.
Atacar.
Ser positiva.
Sorrir nos jogos, arriscar.
E vemos opções que baralham os adversários, nunca a nossa equipa foi tão imprevisível para quem nos defronta.
4.
Roberto Martinez é menos baixo do que parece.
Tem quase 1,80, mas os fatos não lhe assentam bem, fazem-no mais baixo.
As gravatas e os casacos destoam do sorriso, preferia-o ver mais descontraído no banco e não aprisionado numa farpela que não lhe faz justiça.
De resto, perfeito.
Muito boa escolha.
“Encantado” diria eu no meu péssimo espanhol. Ou “encisat” no meu ainda mais péssimo catalão.
Roberto Martinez, 50 anos, ainda mais novo do que eu, casado com uma escocesa, dois filhos, poliglota e um tipo normal que gosta do que faz e não parece estar sempre zangado ou de mau humor.
Texto e programa de Luís Osório
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