1.
O Sporting é um clube único.
Como o são o Benfica, o FC. Porto, o Vitória, o Belenenses ou a Académica.
Também o Braga está a conquistar uma identidade que não tinha.
Identidade é isso mesmo, não ser igual a ninguém, existir em função de princípios e de uma história.
2.
O Sporting sagrou-se campeão nacional de futebol.
Muitos milhares encheram Lisboa e várias outras cidades de norte a sul.
Essa é a primeira originalidade do Sporting. A capacidade de ter continuado a ser grande apesar de todas as crises, de todas as derrotas, de tanto deserto percorrido, de tantas más notícias.
O Sporting é desse ponto de vista um clube sem igual.
Porque os seus adeptos, mesmo os miúdos que nunca puderam festejar campeonatos, têm um amor absoluto pelo clube e falam do Sporting sempre como se fosse o maior e melhor do mundo.
É um sentimento que passa de geração para geração, de pais para filhos, de avós para netos, a sua fidelidade não está subordinada às vitórias ou derrotas, não é abalada por quedas grandes ou pequenas.
E todos as épocas, mesmo quando as suas equipas são mais fracas, mesmo quando não há dinheiro para mandar cantar um cego, renovam a esperança de voltar a ganhar tudo, de ir longe na Europa e de provar o quanto são diferentes e poderosos.
3.
Os sportinguistas são irritantes pelo seu lado utópico e superior.
Irritam pela fidelidade, pelas famílias no estádio – talvez mais representadas que em qualquer campo –, pelos betinhos que antes de abrirem a boca já sabemos que são do Sporting, pelo inferno daquelas canções cantadas em Alvalade, o Sinatra misturado com a Maria José Valério, os tios a beberem o povo e o povo a sentir-se um bocadinho aristocrata.
4.
Tenho, para mal dos meus pecados, um filho sportinguista.
Festejou a vitória com enorme alegria.
Perguntou-me se podia entrar em campo com o Gyokeres no próximo jogo.
Respondi-lhe com silêncio.
Não há muito mais a dizer.
Muitos parabéns aos sportinguistas.
Gente de princípios, de coragem, de resiliência, de paixão inquebrantável.
Muitos parabéns pelo campeonato tão merecido.
Mas sobretudo muitos parabéns pela força de serem grandes mesmo quando a história lhes diz que não o são.
Afinal, a história não tinha razão.
Viva o Sporting.
Texto e programa de Luís Osório
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