Ruy de Carvalho tem daquelas auras raríssimas.
A eminência está lá. A magnificência também.
Não lhe falta, porém, humildade. E humanidade. E cortesia.
Desta vez, pela primeira vez, o Infinito Particular saiu do estúdio e foi a casa do convidado.
[…bem vistas as coisas, os convidados fomos nós…]
Fomos recebidos de um modo tão afável, tão gentil; com direito a visita guiada por divisões repletas de fotos, distinções, excertos de uma vida excecional. Uma vida particularmente infinita: 95 anos. Tal como a carreira: a caminho dos 81. Muito poucos poderão dizer ter recebido a Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada, a máxima distinção no domínio artístico nacional. Ruy de Carvalho pode. É um dos melhores de sempre. É um verdadeiro património da Cultura em Portugal.
Nesta conversa…
[sim, porque é disso que se trata: uma conversa]
descobrem-se coisas por acaso; a beleza da serendipidade!
Um exemplo: Ruy vive numa rua com o nome de um dos seus melhores amigos.
Falamos de afetos, de Música, de Rádio, de Teatro Radiofónico (“O Teatro Invisível” que nos permite ouvir uma lareira num maço de cigarros), de “muitos inesquecíveis amigos”, de S. Francisco de Assis, de Gil Vicente…
…de “atores de bengala” vs “atores de montra”…
e desse tema (quente!) nascem conselhos. E logo de um mestre na arte da longevidade profissional.
Este Infinito Particular não termina sem antes ficarmos a saber qual a frase que calhou em sorte a Ruy de Carvalho na já famosa Tômbola Redonda…
Texto de Susana Bento Ramos