Natural de Santa Catarina, no sul do Brasil, e de uma cidade “pacata, conservadora e bolsonarista”, foi a partir desta geografia mais íntima que observou as mulheres próximas para se inspirar e escrever “Pedral”. Um texto onde mulheres e pedras habitam, como corpos e testemunhas: “A relação com a pedra veio de uma forma instintiva porque eu acredito que a pedra é um corpo que é testemunha de muita coisa, da história do mundo, da terra, assim como os corpos das mulheres que não tiveram voz mas foram testemunhas de muita coisa. Precisaram de endurecer para se fortalecer. A metáfora é essa”.
A metáfora mulher/pedra é pois o guião para a conversa com a autora, ainda sob o efeito duma paisagem sonora que embalou a leitura do texto e encerrou a nona temporada do ciclo de leituras do festim “Esta Noite Grita-se”, na Fundação Calouste Gulbenkian.
Formada em Teatro, actriz, fotógrafa e pesquisadora, Sabrina Marthendal leva-nos até Blumenau, a sua cidade natal, onde integra a Companhia Carona, onde o poder transformador da arte é a sua descoberta de todos os dias. “Pedral” é um grito de liberdade. Sabrina Marthendal é “Pessoa para Isso”.