Há caminhos que se revelam cedo.
Marco Martins teve essa sorte.
Soube o que queria fazer ainda na adolescência.
Tal como Spielberg, também a mãe lhe deu uma câmara.
Tal como Spielberg, também começou logo a fazer filmes sem parar.
[Qualquer semelhança com The Fabelmans…
… é mesmo pura coincidência.]
Ama cinema.
No cinema.
Não em casa. Não no computador. Não na televisão.
Lá na própria sala de cinema,
onde “as ondas do teu cérebro se aproximam muito do sonho”.
Foi aí que viu um filme em particular.
E foi esse filme que o fez descobrir “o poder do cinema”.
E o fez querer ser realizador.
Formou-se em 1994.
Estagiou com Wim Wenders em Lisbon Story.
Estudou escrita de argumento nos Estados Unidos.
Fez curtas, publicidade, tanta coisa.
Em 2005 atreveu-se a fazer a primeira longa-metragem.
Já depois dos 30.
Com outra maturidade.
E o mirabolante aconteceu.
Alice foi premiado em Cannes.
Destacado na imprensa estrangeira.
Para o Libération “plasticamente Alice é uma estupefação”.
O Le Monde escreveu que Alice “é filmado com uma maestria que fascina”.
O Il Manifesto viu ali “uma primeira obra de uma sensibilidade coberta de talento”.
Por cá, o realizador também arranca as melhores críticas.
Em 2018, o Público considerou que “o melhor teatro e a melhor televisão foram dele”.
O jornal referia-se à série Sara que passou na RTP2.
E à peça de teatro Provisional Figures: Great Yarmouth.
Peça de teatro que também é um filme.
É a nova longa-metragem de Marco Martins.
É o dedo do cineasta numa nova ferida.
Para levantar questões. Para desinquietar.