Luísa Amaro nunca se esqueceu destas palavras:
“A guitarra é o único instrumento que está junto ao coração”.
Quem lhas disse foi a grande guitarrista argentina María Luisa Anido, com quem estudou em Barcelona em 1983.
Na altura, Luísa questionava-se porque é que estava a estudar milongas
[em vez da técnica erudita da guitarra clássica]
… mas, como sempre, o tempo encarregou-se de lhe mostrar que tudo tem um propósito.
As milongas entraram mais tarde no seu disco Mar Magalhães de 2018.
Há uma frase sua que diz: “Na vida cruzamo-nos com mestres, se temos essa sorte”.
Luísa Amaro teve essa sorte a dobrar.
Para além de María Luisa Anido, encontrou Carlos Paredes.
Conheceu o mestre da guitarra portuguesa em finais de 1983.
Tinha 25 anos e ele 58.
Neste Infinito Particular, Luísa Amaro conta-nos como conheceu Carlos Paredes…
como trabalhou 10 anos com a pessoa com quem vivia sem nunca ter havido uma discussão…
como dava a volta ao mestre para que ele tocasse um bis no final dos concertos…
como surgiu o fascínio da Rainha de Inglaterra pelas mãos e pelas “unhas de marfim” de Carlos Paredes…
Luísa Amaro é uma exímia contadora de histórias.
E é também um poço de sensibilidade.
E de talento.
E de humildade.
Teve sempre os maiores elogios de Paredes, mas a modéstia católica incutida no colégio de freiras que frequentou… fá-la sacudi-los.
Ainda bem que tem em casa um Luís Nazaré Gomes que lhe recorda que o produtor da Björk é um grande fã da sua música Jardim da Sereia (do álbum Meditherranios de 2009).
Essa música é, aliás, tocada em estúdio. Ao vivo. Sem rede.
Sim, Luísa levou a guitarra…
e tudo se transformou…
Este Infinito Particular não termina sem antes ficarmos a saber porque é que o antigo Ministro das Finanças, Bagão Félix, foi percussionista de Luísa Amaro… e qual a frase da famosa #tombolaredonda que saiu à primeira mulher guitarrista e compositora profissional de guitarra portuguesa.
Luísa ficou sem palavras com a frase que lhe calhou.
E emocionou-se…
Texto de Susana Bento Ramos